quarta-feira, 31 de março de 2010

Saudade Primaveril

Está um passarinho na minha varanda. Com ele parece trazer memórias passadas que não quero recordar. Lembro-me de tudo como se fosse hoje, mas quero esquecer como se já fosse amanhã. Não me faças lembrar do que não quero, passarinho. Esses teus sons evocam o Sol que me batia na cara naquela tarde de Julho. Não me quero lembrar. Já te foste, já voaste. Mas ainda assim permanece o sentimento de nostalgia. Porque é que tinhas de te empoleirar na minha varanda e fazer-me lembrar de tudo aquilo que já passou? Voaste e pousaste devagarinho, planando ao som do vento. Chegaste e fizeste-te ouvir, com esse teu tom suave mas ensurdecedor que me impede de pensar, mas que, ao mesmo tempo, gera 1000 pensamentos em mim. Não quero pensar mais. Não quero sentir mais. É nestes momentos que agradeço ao meu lado racional por calar o emocional e o impedir de cantar contigo. Afinal voltaste. Não te tinhas ido embora? Porquê? Estavas tão bem onde estavas, piando baixinho. Já nem te ouvia. Mas continuava a lembrar-me daquela tarde de Julho e do sabor salgado daquele Agosto, em pleno Inverno. Vai para longe, voa. Não me faças querer cantar contigo.

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